sábado, 27 de novembro de 2010

E se eu abraçar a morte em vez de te abraçar a ti?

Tu matas-me cada vez que me olhas. Sempre que me beijas morro mais um bocado. Quando acabas de me abraçar já estou quase morta nos teus braços (nunca reparaste que me falta sempre a força nos joelhos para me manter de pé? Pensa.). Sorris. Dizes que as tuas mãos têm o meu cheiro. Sádico. Esqueces-te de dizer que têm também as minhas lágrimas, o meu suor e o meu sangue. Pensa. Dizes-me que depois me compensas. Não sou uma prostituta. Sou uma apaixonada. Por ti. Sempre quis morrer. Por ti. Rasgaste-me a pele, despedacei-te os lábios, arrancaste-me o peito. Não te rias. Olha para isto, é só beatas e pó. E sangue. Olha o que tu (me) fizeste. Devias lavar o chão com a língua. Porco. Não me olhes mais. Já não me aguento em pé. Não tentes beijar-me. Estou cansada. E se eu abraçar a morte em vez de te abraçar a ti? Tens ciúmes? Então mata-me tu. Obrigada. Amo-te.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

To die by your side is such a heavenly way to die

Tu sabes, eu posso não ser a melhor pessoa. Posso gozar contigo ou gritar e passar-me com coisas que não lembram a ninguém, enquanto que outras bastante mais graves aos olhos do resto do mundo me passam ao lado. Tu sabes que também me chateio e também tenho ciúmes, apenas não demonstro (ou pelo menos faço por isso). Mas não mudava nada. Em mim e em ti. Quero que o teu abraço continue a ser igual, e portanto não mudava nada. Quero que me continues a arrastar para a chuva apenas para me pegares ao colo e me beijares e gosto que respeites os meus silêncios, porque não precisamos de falar para saber o que pensamos. Gosto de olhar para ti pelo canto do olho quando estás a ver um filme ou a conduzir, e às vezes não resisto e sorrio sozinha. Gosto dos nossos planos, não sei bem se por serem nossos ou se por nunca os ter tido com ninguém, mas gosto. E acredito neles, e em ti. Gosto (mesmo) de ti. Demasiado, talvez, o suficiente para não te querer perder por nada. Portanto não faças coisas estúpidas. Sem mim, pelo menos. Porque se te acontecer alguma coisa, eu quero estar contigo.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

♥♥

(agarrando-me como se não houvesse amanhã, sussurra-me ao ouvido)

-Nunca me deixes.
-Não te vou deixar.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Se há coisa que eu gosto mesmo é de conversar com velhos.

Gosto de conversar com o meu avô. Gosto, é verdade. A maioria pode achar secante, mas o que uns consideram 'cara de seca' eu considero arrogância por não aproveitarem a oportunidade que têm nas mãos de aprenderem pontos de vista, opiniões e vivências completamente diferentes. É verdade que as opiniões das pessoas da geração de 40, 50 divergem muito das da geração de 80, 90 mas, sinceramente, como é que isso poderia não acontecer quando se tem 50 anos de experiência pelo meio? Enerva-me que cortem conversa quando um velho está a (tentar) falar. Tira-me do sério. De repente, é como se aquela pessoa passasse a ser uma criança e não tivesse ideias ou opiniões a partilhar quando, na verdade, tem mais do que as pessoas que lhe cortaram a conversa. E confesso: prefiro conversar com pessoas mais velhas do que com pessoas mais novas, na maioria dos casos.Gosto de falar sobre as revoluções, o país, a diferença entre o antes e o agora. É bom variar entre as típicas conversas de café onde saímos tal e qual como quando lá entrámos. Gosto de conversar com o meu avô. Ele gosta de me relembrar que se orgulha muito de mim e que reza por mim todas as noites e eu coro até à raiz do cabelo porque não sei o que é que hei-de dizer, e portanto abraço-o. Gosto de falar, não gosto de discutir. Porque há assuntos em que somos os dois inflexiveis. Não vale a pena dizer-lhe que, para mim, a tourada é um crime porque ele vai dizer-me logo de seguida que os touros são feitos mesmo para isso. E eu depois não me vou conseguir conter. Mas gosto de conversar com ele, e com os outros. Desde que se interessem pelo que digo e não me tratem como se eu fosse uma criança e não tivesse ideias ou opiniões a partilhar.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Neste momento tenho medo. E dúvidas

De não conseguir acabar Geometria no próximo ano lectivo. De não entrar num curso viável e de que goste realmente. De não entrar na faculdade em 2012 e, pior, de não entrar numa faculdade longe daqui. Tenho medo de ser só mais uma. De me acomodar à vida. De não sair daqui. Tenho medo que toda a fome de viver que tenho agora passe com o tempo, e que quando tiver realmente a oportunidade de fazer as coisas que quero, já não tenha vontade para as fazer. Tenho medo de não ter uma vida, de não a aproveitar, de me sentar a vê-la passar-me à frente dos olhos. Acho sempre que não faço o suficiente, que não me esforço como devia, que não sei o que quero. Acho que não conheço nada, não sei nada, não faço nada. Nada me chega. Sempre foi assim, mas ultimamente piorou. Preciso de mais. De sair daqui, de conhecer outras coisas, outras histórias, opiniões. Preciso de ser feliz noutro lado, com outras pessoas, a fazer outras coisas. Sinto que é tudo igual, todos os dias são mais do mesmo. Pior de tudo, não sei o que é que hei-de fazer para mudar isto. Isto tudo.