segunda-feira, 14 de junho de 2010

À mesma hora.

São dez da noite e estou sozinha numa paragem de autocarros, à espera de um autocarro que teima em não aparecer. Está frio e acendo um cigarro. As lágrimas já secaram e vejo as pessoas passar, concentradas nas suas vidas ou apenas indiferentes às dos outros, desencontradas, sempre desencontradas, tal como nós já nos desencontrámos há muito. Será que foi assim há tanto tempo que decidimos não nos encontrar mais? Se foi, porque é que eu continuo a encontrar-te em cada lugar que não é mais o teu e em todos os que nunca foram sequer teus ou de quem quer que seja? Esta paragem não é tua, porque estás aqui? É engraçado como na prática as nossas decisões não são decididas por nós, por mais que queiramos e nos esforcemos para tal acontecer. Apago o cigarro e conto o dinheiro para o bilhete, de ida, sempre de ida. Todos os dias repito que não volto e todos os dias cá estou eu, pronta a fazer-te companhia e a encontrar-me contigo num sítio onde todas as outras pessoas se desencontram. Olha, ali vem o autocarro. Amanhã (des) encontramo-nos aqui outra vez, à mesma hora.

7 comentários:

  1. Já li textos bonitos, mas este, este é muito mais que isso. Perfeito

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  2. Um post muito lindo. Hoje só queria um (des)encontro.

    Beijo

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  3. sim, isso é verdade por isso é que não há manual de instruções .

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  4. gosto de encontrar-me nas tuas palavras ^^

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  5. ai, adorei mesmo este texto! como às vezes nos desencontramos das pessoas... mesmo. e como não o conseguimos evitar.

    obrigada pela visita às minhas bolas de sabão :3

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  6. a, e só pra dizer que adorei a citação ali em baixo, na barra lateral. não sei de quem é, mas está mesmo perfeita. óptima escolha

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  7. Adorei, adorei. Acho que um dia destes furto. Com a devida referência, claro está.

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